Eu queria te esquecer, e ao mesmo tempo, tinha medo disso.
Medo de jogar tudo que a gente viveu fora, todo o esforço que fizemos. Tinha
medo de seguir sozinha e não saber lidar com a sua falta, eu tinha medo de ser
atropelada pela saudade, de te ligar depois de tudo e ouvir você dizer: ''Agora
é tarde demais''.
Eu tinha esse medo bobo de te perder sem perceber que eu
estava me perdendo. Eu sabia que pra te esquecer, eu precisava lidar com a tua
falta, suportar a dor que a saudade iria me causar, deixar passar todas as
referências da vida que trouxesse você em mente. Eu sabia que pra te esquecer,
eu precisava aceitar tudo.
Aceitar que, um dia, eu poderia te encontrar por aí com
outra pessoa. Aceitar que, em algum momento, uma música, um filme, uma cor, um
cheiro me lembraria você. Entender que, no meio do caminho, eu iria tropeçar em
alguma lembrança tua, mas seria preciso seguir em frente sozinha mesmo.
Eu queria te esquecer porque lembrar de você me doía como
estar ao teu lado também.
Queria te esquecer porque não fazia mais sentido, sabe?
Porque você se tornou um machucado desses que trás um medo danado do amor. Eu
insistia em querer saber notícias tua, enquanto eu me deixava de lado.
Eu sabia que pra te deixar ir, eu precisava, de uma vez por
todas, cair na real que essa minha insistência em te manter aqui, me doía, me
atrasava, sabe? Foi então que eu deixei doer, me permitir sentir toda dor de
uma só vez até que o tempo curasse tudo. E curou.
Por Millena Almeida
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