Programa Adapta Sertão avalia trajetória de 12 anos e lança livro com experiência no semiárido da Bahia


A imagem de um semiárido sofrido, seco e improdutivo, visto tantas vezes nos telejornais, a cada dia perde lugar para ações que apontam alternativas possíveis para a convivência com esse clima. Foi isso que provou o programa Adapta Sertão durante 12 anos de atuação desenvolvendo experiências de adaptação climática da agricultura familiar no semiárido baiano.
O programa chegou ao fim, mas deixa muitas sementes. Essa foi a opinião do público que participou durante os dias 26 e 27 de abril, de um fórum para avaliar a trajetória de atuação do Adapta Sertão em diversos municípios da Bacia do Jacuípe. O evento ocorreu no Salão Paroquial, em Pintadas, e contou com a participação dos coordenadores do programa, técnicos, agricultores, representantes de cooperativas, sindicatos rurais, além de secretários de agricultura da região.
A deputada estadual Neusa Cadore (PT) lembrou a história de superação dos agricultores da região e a migração de trabalhadores que deixam os municípios em busca de renda. Neusa também denunciou o golpe vivido no país que culminou com a prisão injusta do presidente Lula. A deputada parabenizou todos que fazem parte do Adapta Sertão e comentou a importância do programa.
“O Adapta Sertão representa um ganho real na convivência com o semiárido, pois já temos, em alguns municípios, pequenos agricultores que avançaram muito e podem servir de referência, ou seja, há um efeito de multiplicação bastante consolidado. É importante que a gente não pare, pois o Adapta Sertão é uma iniciativa vitoriosa e é uma prova de que as pessoas estão certas: o semiárido é um lugar possível para se viver dignamente”, afirmou Neusa na atividade que contou ainda com o lançamento de um livro sobre experiências inspiradoras nessa área.
Inspiração já não falta mais ao agricultor Adelson Lima dos Santos, 52, do povoado de Lagoa do Mandú, em Baixa Grande. “Fiquei mais novo e aprendi bastante. Antes eu não sabia o que fazer com um pedacinho de terra, mas hoje em cinco meses eu fiz o que não consegui em cinco anos”, comentou um dos beneficiários do programa que planta alface, cebolinha, coentro, quiabo, tomate, milho e cria galinhas.
“Antes eu vendia na feira em Pintadas, mas nem sempre conseguia vender tudo. Cansei de jogar no mato porque não conseguia vender. Hoje, não perco nada, entrego na cooperativa. Para mim foi um sonho grande. A partir das várias orientações dos técnicos eu modifiquei o jeito de plantar”, revelou Adelson.
Para Thais Corral, coordenadora do Adapta Sertão, nada foi inventado. “Nós não inventamos nada. Nós costuramos o que já existia. Inicialmente em Pintadas e depois na Bacia do Jacuípe, com a ajuda de muita gente e também por conta do tecido social que já existia. O desafio maior agora é não perder o espírito de integrar. Este século é o da integração e aproximação”, afirmou. 
Segundo Nereide Segala, colaboradora do Adapta Sertão, o projeto começou com a proposta de aproveitar as águas que existiam para produzir alimentos, a partir do uso de tecnologia que fosse fácil, viável e que conseguisse trazer retorno para replicar. “O programa foi ouvindo perguntas e trazendo respostas. Quando eu vou sair do regador? Como vamos fazer para aproveitar as frutas? Os tempos mudaram. Então, foram algumas perguntas e afirmações dos agricultores (as) que provocaram a realização de pesquisas e comprovaram que os tempos mudaram. Diante disso, o Adapta Sertão, foi estruturando. Ele mantem uma tecnologia, ouve a comunidade, traz respostas e constrói políticas”, explicou Nereide. 
De acordo com Neia Bastos (PT), vereadora de Pintadas, o programa foi uma grande semente. “Aqui foi um laboratório. Deixa em Pintadas uma nova cultura de convivência com o semiárido, de aplicação de tecnologias inovadoras, dando para as pessoas um sentido maior para a convivência com o semiárido”, avaliou a vereadora.    

Sobre o Adapta Sertão
O Adapta Sertão é uma coalizão de organizações que atua no semiárido Brasileiro buscando viabilizar estratégias e tecnologias sociais para adaptação a mudança climática da agricultura familiar. Tem como foco de atuação inicial o interior da Bahia, especificamente, o Território Identidade Bacia Jacuípe e municípios vizinhos.

O Adapta Sertão promove o cooperativismo como forma de desenvolvimento local e aposta no empreendedorismo para fazer frente aos desafios. Sua estratégia começa pela estruturação das propriedades rurais a partir do Modulo Agroecológico Inteligente e Sustentável (MAIS), que foi cuidadosamente desenhado a partir de experimentação e observação prática visando permitir às famílias agricultoras continuar a produzir alimentos também durante as secas anuais ou no caso de uma estiagem prolongada.

O acesso ao crédito, o beneficiamento e processamento adequado dos produtos, o estímulo a comercialização são as outras vertentes trabalhadas no modelo proposto. O Adapta Sertão coloca também a disposição da agricultura familiar os recursos da pesquisa científica e a articulação de políticas públicas de modo a aprimorar a alocação de recursos técnicos, financeiros e humanos.

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Lino Filho – Ascom Neusa Cadore
Com informações do Adapta Sertão
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