Estão matando os rios, desmatando o Cerrado e grilando as terras do povo, afirma deputada Neusa



A deputada estadual Neusa Cadore (PT) reagiu ao posicionamento de setores da mídia e de grupos empresariais que, segundo a deputada, tentam mascarar o verdadeiro debate sobre a utilização das águas dos rios na região Oeste da Bahia. Na última quinta-feira (2), quase mil populares ocuparam as Fazendas Igarashi e Curitiba, no distrito de Rosário, em Correntina, para protestar contra irrigação predatória que está prejudicando a população e a biodiversidade da região. 

“O povo de Correntina há muito tempo está lutando em defesa das águas e do seu território. Todos têm visto os rios secando e os recursos naturais da região sendo devastados apenas para enriquecer esses grandes proprietários. A manifestação é em defesa da natureza, da vida, das terras e dos rios que mantém a população. Eles tentam criminalizar os manifestantes, mas estão matando os rios, desmatando o Cerrado e grilando as terras do povo, afirma deputada Neusa.

Neusa disse ainda que a população tem realizado há anos mobilizações, a exemplo das romarias que contam com a participação de milhares de pessoas para denunciar a destruição dos Cerrados e a morte das águas. A deputada quer que o governo estadual crie espaços para dialogar com os pequenos produtores da região e intensifique a fiscalização do agronegócio, principalmente nesta região onde se encontram os rios Carinhanha, Corrente e Grande, seus subafluentes e afluentes que contribuem com as águas do rio São Francisco no território baiano.

“Muitas dessas empresas migraram de outras regiões do Estado após deixar um rastro de destruição, exploração e graves impactos ambientais. As comunidades rurais de Correntina, principalmente as abastecidas pelas águas do rio Arrojado não podem pagar a conta e nem arriscar a sobrevivência para manter apenas os interesses dos grupos de irrigantes”, ressalta Neusa.

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), os conflitos na região são causados pela invasão do setor agropecuária, desde os anos 1970, onde eram os territórios tradicionais das comunidades que habitam o Cerrado. Segundo a CPT, a gravidade destes conflitos é de conhecimento regional, estadual, nacional e até internacional.

“Ao longo de décadas o agronegócio nunca assumiu a responsabilidade por sua nefasta atuação, alicerçada num tripé que tem como eixos centrais: a invasão de terras públicas por meio da grilagem e da pistolagem; o uso de dinheiro público para implantação de megaestruturas e de monoculturas de grãos e pecuária bovina; o uso irresponsável dos bens naturais, bens comuns, com impactos irreversíveis sobre o ambiente, em especial, sobre a água e a biodiversidade, além de imensuráveis impactos sociais”, afirma a nota da CPT.

Ainda segundo a nota, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA concedeu à Fazenda Igarashi, o direito de retirar do rio Arrojado uma vazão de 182.203 m³/dia, durante 14 horas/dia, para a irrigação de 2.539,21 ha. Este volume de água retirada equivale a mais de 106 milhões de litros diários, suficientes para abastecer por dia mais de 6,6 mil cisternas domésticas de 16.000 litros na região do Semiárido.


“Agrava-se a situação ao se considerar a crise hídrica do rio São Francisco, quando neste momento a barragem de Sobradinho, considerada o “coração artificial” do Rio, encontra-se com o volume útil de 2,84 %. A água consumida pela população de Correntina aproximadamente 3 milhões de litros por dia, equivale a apenas 2,8% da vazão retirada pela referida fazenda do rio Arrojado”, lembra a CPT.
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