Polícia apura maus-tratos contra cachorro que aparece ferido em vídeo



A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar se o cachorro abandonado, conhecido como Manchinha, que morreu após ter sido resgatado ferido, na semana passada, no estacionamento de um hipermercado em Osasco, na Grande São Paulo, foi vítima de maus-tratos.

Vídeos e fotos que circulam nas redes sociais mostram o animal sendo perseguido por um segurança do Carrefour com uma barra de alumínio. Depois, o bicho aparece mancando e sangrando na pata esquerda.

Em seguida, um funcionário do Departamento de Fauna e Bem-Estar Animal da prefeitura usa um enforcador para imobilizar o cão e leva-lo. O cachorro chegou a ser atendido por veterinários, mas não resistiu e morreu.

As imagens foram gravadas por ativistas e estão sendo compartilhadas nas redes sociais via internet ou aplicativo de celulares. A polícia analisa as imagens. Os ativistas querem cobrar justiça para o que classificam como abuso ao cão praticado pelos empregados do Carrefour e da prefeitura. Outra possibilidade investigada é a de que Manchinha tenha sido atropelado.

Abuso
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso é investigado como maus tratos e abuso a animais pela Delegacia de Polícia de Investigações Sobre o Meio Ambiente (DIICMA).

A unidade policial apura as causas e eventuais responsabilidades pela morte do animal. O artigo 32 da Lei número 9.605/98 de Crimes Ambientais pune quem pratica ato de abuso a animais. São enquadrados nesse item quem fere ou mutila animais domésticos, silvestres, nativos ou exóticos. Quem for condenado pode receber pena de detenção de três meses a um ano, além de multa.

Somente um laudo determinará qual foi a causa da morte do cachorro. Ainda segundo a pasta da Segurança, o bicho morreu após uma “parada cardíaca”.

No boletim de ocorrência do caso, que o G1 teve acesso, consta ainda a informação de que o animal chegou ao Departamento de Bem-Estar e foi atendido por uma veterinária “já desfalecido e agonizando, tendo sido diagnosticado, de acordo com o relatório técnico de atendimento (...) com hemorragia digestiva alta e outros males decorrentes”.
Ainda segundo o registro policial, “durante o atendimento e manobras de reanimação, o animal apresentou parada respiratória e sucumbiu, vindo a óbito, na mesma data, antes do meio-dia”.

Ativistas que souberam do caso e conversaram com testemunhas disseram à reportagem que elas contaram ter visto o segurança do Carrefour que aparece de terno e gravata agredindo o cachorro com uma barra de alumínio pontiaguda. As imagens, porém, não mostram o momento dessa agressão que as testemunhas relataram. Também há relatos de que o bicho foi envenenado.

“Apesar disso, tenho convicção de que o cachorro foi agredido pelo segurança do Carrefour, que pegou uma barra de alumínio com ponta cortante e bateu contra a pata traseira esquerda do animal, provocando um corte profundo”, disse o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), que foi chamado por ativistas para acompanhar o caso.

Segundo ele, também tem de ser apurada a denúncia de que funcionários da prefeitura usaram um enforcador com força no pescoço do bicho, o sufocando. “Colocaram um enforcador no cachorro e sufocaram o animal que já tinha perdido sangue até desmaiar. Não precisava porque ele era manso e estava calmo”, comentou Capez.

Segundo a SSP, a barra de alumínio usada pelo segurança já foi apreendida para ser periciada. Além disso, o funcionário que aparece correndo atrás do cachorro com ela também será ouvido nos próximos dias para prestar esclarecimentos sobre o caso.

O cão estava na loja de Osasco há alguns dias e recebia água e alimentos de funcionários, conforme mostram outros vídeos.

Carrefour
Por meio de nota, o Carrefour informou que repudia maus-tratos a naimais e que o funcionário que aparece correndo atrás do cachorro foi afastado.

Veja a íntegra da nota da rede Carrefour:

"A rede repudia qualquer tipo de maus-tratos contra animais. Comprometido em manter a todos informados sobre o episódio ocorrido na loja de Osasco, nossa apuração preliminar apontou que o cachorro estava circulando pelo estacionamento há alguns dias. O Centro de Zoonoses de Osasco foi acionado por diversas vezes, mas não recolheu o animal. No dia do incidente, clientes se queixaram sobre a presença do cachorro, e, novamente, o órgão foi acionado. Um funcionário de empresa terceirizada tentou afastá-lo da entrada da loja e imagens mostram que esta abordagem pode ter ocasionado um ferimento na pata do animal. O Centro de Zoonoses de Osasco foi acionado novamente e compareceu ao local para recolhê-lo. No entanto, no momento da abordagem dos profissionais do órgão para imobilização, o cachorro desfaleceu em razão do uso de um “enforcador”, tipo de equipamento de contenção. A Delegacia especializada de Osasco (D.I.I.C.M.A.) abriu inquérito e está investigando o caso. Estamos colaborando com as autoridades, disponibilizamos todas as informações e imagens para que o fato seja solucionado."
Prefeitura
Também por meio de nota, a prefeitura de Osasco informou que prestou socorro ao bicho e apura o caso:

Veja a íntegra da nota da Prefeitura de Osasco

"Em resposta à nota divulgada pelo Hipermercado Carrefour, esclarecemos que o Departamento de Fauna e Bem Estar Animal esteve no local em atendimento a solicitação da Central 156 (Protocolo 2726381), cadastrada às 9h24 do dia 28/11/2018, para prestar atendimento a um cachorro ferido e sangrando. O comparecimento da equipe no local da ocorrência foi por volta das 10h.

Veja o vídeo

A equipe esteve no local e constatou a existência de um animal de espécie canina com sangramento intenso. O manejo foi realizado por um oficial de controle animal qualificado e o animal foi encaminhado ao departamento para atendimento emergencial.

O animal deu entrada consciente no departamento em decúbito lateral (deitado de lado), mucosas anêmicas, hipotensão severa (pressão baixa), hipotermia intensa, hematêmese (vômito com sangue) e escoriações múltiplas. Apesar do tratamento instituído o animal veio a óbito.

No dia 1/12/2018, o Departamento de Fauna e Bem Estar Animal passou a receber informações que se tratava de um caso de maus tratos e foi iniciado a apuração do caso com solicitação de inquérito policial.

O inquérito policial está sob responsabilidade da Delegacia Especializada de Osasco. Somente o inquérito poderá indicar as causas da morte e a quem cabe a responsabilidade."

Fonte G1
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