O PT anunciou na noite de domingo, 05, que o ex-prefeito de
São Paulo Fernando Haddad foi indicado candidato a vice-presidente na chapa
liderada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial de 2018 e
também um acordo com o PCdoB, que vai permitir a entrada de Manuela D' Ávila na
chapa.
Segundo nota divulgada no site do ex-presidente,
"Haddad será o porta-voz de Lula até o trâmite final da homologação da
candidatura Lula na Justiça Eleitoral". Concluída essa etapa, segue a
nota, "a ex-deputada Manuela D´Ávila assumirá a posição de vice na chapa,
por indicação do PCdoB, que aprovou, também, uma coligação nacional com o
PT".
Estratégia
A estratégia do PT é levar o nome de Lula como candidato à
Presidência da República até a Justiça Eleitoral decidir, com base na Lei da
Ficha Limpa, se o ex-presidente, que está preso, poderá ou não disputar as
eleições de 2018.
O acordo dá a entender, embora não esteja explícito, que
Manuela será candidata a vice com qualquer desfecho da Justiça Eleitoral, ou
seja, com ou sem Lula na corrida presidencial.
A deputada Manuela D´Ávila, porém, ainda não abriu mão
oficialmente de sua candidatura à Presidência da República por seu partido.
Isso pode ser feito nesta segunda-feira (6).
Pouco antes da meia-noite, lideranças do PT e do PCdoB
fizeram um pronunciamento oficial no diretório nacional do PT, no Centro de São
Paulo, anunciando Fernando Haddad e a coligação entre os partidos.
As legendas aprovaram o nome de Haddad e também a indicação
de Manuela D´Ávila para compor a chapa quando terminar o trâmite da homologação
da candidatura de Lula na Justiça Eleitoral.
"Decidimos conjuntamente, PT e PCdoB, de colocar, neste
momento, como candidato a vice-presidente da República, para fazer a
representação do presidente Lula durante esse processo tão logo se estabilize a
situação dele", afirmou a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann,
referindo-se a Haddad.
Durante a coletiva, Gleisi também anunciou que a candidata
do PCdoB à Presidência da República, a deputada Manuela D´Avila, foi convidada
por Lula para compor a chapa. “Quero dizer formalmente que o presidente Lula
pediu para que eu convidasse o PCdoB para integrar a sua chapa a candidata à
presidente da República, indicando e fazendo um convite formal a Manuela
D´Ávila", afirmou Gleisi.
De acordo com Gleisi, a nomeação de Haddad foi feita para
garantir o registro da candidatura de Lula, respeitando o prazo definido pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e que o partido irá defender o direito de
ter o ex-presidente liderando a chapa.
"O PT reitera que vamos com Lula até as últimas
consequências. Por isso, a ideia é que tenha uma pessoa para vocalizar sua
campanha e essa missão seria feita através de um companheiro do PT, que tenha identificação
com Lula e que seja seu amigo. Então, decidimos junto com o PROS, PCdoB e PCO
que o Fernando Haddad é o vice na nossa chapa", disse Gleisi.
Em seguida, falou a presidente nacional do PCdoB, Luciana
Santos. "Estamos construindo a unidade que foi possível construir no
primeiro turno, com a participação e a liderança de Lula, e como bem disse já a
nossa presidenta Gleisi, por uma circunstância objetiva, até que se defina as
pendências legais desse processo todo, Fernando Haddad, é o porta-voz da
candidatura do presidente Lula. Junto com a nossa querida Manuela D´Ávila, vai
percorrer este país debatendo ideias".
Luciana Santos confirmou que Manuela será, de fato, a
candidata à Vice-Presidência na chapa com o PT. "Nessa relação que nós
temos com o PT de 30 anos, o PCdoB ocupar a vice-presidência na chapa, para
nós, nos honra muito", afirmou.
Eis o texto do acordo publicado no site do ex-presidente
Lula:
O Partido dos Trabalhadores anunciou na noite deste domingo
(5) o coordenador do Plano Lula de Governo, Fernando Haddad, como vice na chapa
de Lula na disputa presidencial. Ele será o porta-voz de Lula até o trâmite
final da homologação da candidatura Lula na Justiça Eleitoral. Concluída essa
etapa, a ex-deputada Manuela Davila assumirá a posição de vice na chapa, por
indicação do PCdoB, que aprovou, também ontem, uma coligação nacional com o PT.
A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann,
explicou a estratégia definida pelo partido para representar Lula, preso
político há quatro meses. “O presidente Lula pediu para fazer um pedido formal
a Manuela para ser candidata a vice. Entendemos que a candidatura dela cumpriu
um papel importantíssimo na construção da unidade que estamos tendo”, relatou
Gleisi.
“Estivemos reunidos durante todo o dia para definirmos nossa
tática eleitoral. Na avaliação optamos por uma estratégia que assegure a
manifestação do presidente Lula como candidato a presidente e definimos que até
a regularização da situação judicial do presidente a vocalização da sua campanha
seria feita por um companheiro do PT, pela proximidade desse companheiro com o
presidente, mas também pela identificação do partido com Lula”, explicou a
presidenta, ao anunciar Fernando Haddad vice na chapa presidencial para fazer a
representação de Lula durante esse processo até que sua situação legal seja
normalizada.
“Quero exaltar a importância dessa unidade em torno da
candidatura de Lula. Vivemos uma eleição anormal, o presidente Lula está
ausente fisicamente do processo eleitoral, perseguido injustamente. Essa
coligação inicia a caminhada vitoriosa para a eleição. Quero agradecer ao
PCdoB, o PROS, que coligam conosco, ao apoio do PCO, e de importante setores do
PSB que já se manifestaram a favor da candidatura de Lula”, ressaltou Gleisi.
A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, ressaltou a
importância da aliança e do que ela representa no combate aos retrocessos
impostos pelo golpe. “As eleições ganham uma dimensão extraordinária em um
cenário de um golpe de estado. Por isso que nossas forças, com a
responsabilidade que nós temos, nós precisamos reafirmar compromissos da
retomada das conquistas.Nós estamos fazendo o desenho da frente que foi
possível construir, entendendo a necessidade de um pacto das candidaturas de
nosso campo. Nossa candidata viajou o país pregando a unidade, e vamos fazer
aquilo que nós estávamos dispostos a fazer”, afirmou.
Fernando Haddad celebrou o acordo entre as frentes e
reforçou o papel dessa unidade de resistência pela candidatura de Lula. “Essa
resistência que estabelecemos nessa coligação vai ser muito importante. O que
nos mantém unidos é a defesa incondicional do Lula, o maior líder político do
Brasil. Estamos aqui unidos em torno dele mais uma vez. Vamos para o
pentacampeonato”, declarou. “Com toda perseguição que o Lula sofre, ele só
cresce. Estamos anunciando ao país uma grande aliança e tenho certeza que vamos
compatibilizar nossos programas, que tem em comum os anseios da sociedade
brasileira”.
Prazo
O TSE reafirmou que domingo (5) foi o prazo final para a
escolha dos candidatos por meio das convenções partidárias, incluindo o
candidato a vice-presidente.
Convenção
A candidatura de Lula foi oficializada no sábado (4),
durante a convenção nacional do partido, na Liberdade, no Centro da capital
paulista. Na ocasião, a legenda anunciou apenas o nome de Lula na disputa, sem
revelar quem ocuparia a vaga de vice.
“Viemos aqui para votar no nosso candidato a presidente,
Lula. Esse é um momento histórico. Lula é o nosso candidato a presidente da
República”, disse Gleisi.
Em carta lida pelo ator Sérgio Mamberti, Lula diz que é a
primeira vez em 38 anos que não participa de uma convenção nacional do partido.
"Mas sei que estou presente em cada um de vocês", disse.
“Nós tratamos a nossa gente como solução e por isso o Brasil
mudou. Hoje a nossa democracia está ameaçada. Agora querem fazer uma eleição
presidencial de cartas marcadas: excluir um nome que está à frente na
preferência do eleitorado em todas as pesquisas. Já derrubaram uma presidenta
eleita. Agora querem vetar o direito do povo de escolher livremente o próximo
presidente", diz trecho da carta.
Lula não participou da convenção porque está preso desde o
começo de abril, condenado em segunda instância no caso do triplex em Guarujá,
a 12 anos e um mês de prisão, o que, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, o
torna inelegível. A questão precisa ser decidida pelo TSE e só deve ser julgada
depois do registro oficial, que ocorre até o dia 15 de agosto.
Participaram do evento lideranças do PT, como a
ex-presidente Dilma Rousseff, o candidato ao governo de São Paulo pelo partido,
Luiz Marinho, o ex-ministro Celso Amorim, o senador Lindbergh Farias, entre
outros.
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Entenda
Movimentos sociais e entidades sindicais também marcaram
presença, como o MST, o MTST, CUT, Central dos Movimentos Populares, UNE, entre
outros.
Em um momento da convenção, todas as pessoas presentes
colocaram uma máscara com o rosto do ex-presidente Lula e gritaram em coro:
"Eu sou Lula".
Filho de comerciantes do Bom Retiro, na região central de
São Paulo, aos 18 anos Haddad entrou para a faculdade de direito da
Universidade de São Paulo (USP), no Largo de São Francisco. Formou-se bacharel
em 1985.
Também pela USP, tornou-se mestre em Economia com
especialização em economia política em 1990 e doutor em Filosofia em 1996.
Foi professor de Teoria Política Contemporânea no
Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Sociais da USP, analista de investimento do Unibanco, consultor da Fundação de
Pesquisas Econômicas (Fipe).
Em 2001, assumiu a chefia de gabinete da secretaria
municipal de Finanças na gestão da prefeita Marta Suplicy. Dois anos depois, se
tornou assessor especial do ministro do Planejamento, Guido Mantega. Depois,
foi secretário Executivo do Ministério da Educação e se tornou ministro sob a
gestão de Lula.
Em 2012, deixou o cargo para disputar as eleições
municipais. Foi prefeito de São Paulo de 2012 a 2016, e candidato do PT à
reeleição, mas foi derrotado pelo tucano João Doria.
Fonte G1